quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sugestão de Leitura
A vida e a obra de um grande clássico
Cesário Verde foi o introdutor da poesia moderna em Portugal. Ignorado à época, passaram-se décadas antes que o seu valor fosse reconhecido. A descoberta ficou a dever-se a Fernando Pessoa que, um dia, sobre ele escreveu: «O sentimento é forte e sincero, mas reprimido: e é nisto que Cesário é curioso. É um português que reprime o sentimento».
Cesário é hoje um clássico da Literatura Portuguesa, mas pouco se sabe da sua vida. Maria Filomena Mónica, que já escrevera as biografias de Fontes Pereira de Melo, D. Pedro V e Eça de Queirós, tenta abordar aqui a obra e a vida de Cesário não só à luz do período em que viveu, mas relembrando o que os poetas, seus contemporâneos, andavam a escrever enquanto estes versos eram publicados: «Nas nossas ruas, ao anoitecer, / Há tal soturnidade, há tal melancolia…».
É no contexto da poesia declamatória do seu tempo que a genialidade de Cesário pode ser compreendida.

         DE TARDE

Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.

Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.

Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.

Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda

O ramalhete rubro das papoulas!
Dia dos Namorados
Sugestão de Leitura (para os mais novos)



Bilhetinhos de Namorados é um livro com encantadoras ilustrações, concebido com ternura e sensibilidade para crianças na idade em que os primeiros anos de escola são palco de empolgantes descobertas.  Entre elas estão os afetos que podem despertar entre duas crianças e as qualidades mais preciosas que cada uma procura na outra.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Dia de S. Valentim

S. Valentim foi um bispo que lutou contra as ordens do imperador Cláudio II (séc. III), que havia proibido o casamento durante as guerras acreditando que os solteiros eram melhores combatentes. Além de continuar a celebrar casamentos, casou-se secretamente, apesar da proibição do imperador. A prática foi descoberta, e Valentim foi preso e condenado à morte. Muitos jovens enviavam-lhe flores e bilhetes dizendo-lhe que ainda acreditavam no amor. Enquanto aguardava na prisão o cumprimento da sua sentença, apaixonou-se pela filha de um carcereiro, que era cega, e, milagrosamente, devolveu-lhe a visão. Valentim escreveu-lhe uma mensagem de despedida, na qual assinava como “Seu Namorado” ou “Do seu Valentim”. O dia da sua execução, 14 de fevereiro, é assinalado pela Igreja, que o considerou um mártir.

Sugestão de Leitura


O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.

Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.
Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.



Alberto Caeiro, O PASTOR AMOROSO, in Poemas Completos


É uma coletânea de poemas do mais objetivo dos heterónimos de Fernando Pessoa. É o poeta que se volta para a função direta da natureza, busca “as sensações das coisas tais como são”. O livro divide-se em três partes: O guardador de rebanhos, O pastor amoroso e Poemas inconjuntos, nas quais Caeiro deixa clara sua adoração pelo natural.